segunda-feira, 15 de julho de 2013

As palavras são como pedras



   As palavras são como pedras, depois de atiradas  já não retrocedem, então quando representam algo rude, grotesco ou medonho, ficam ali especadas, sem arredar um milímetro que seja, do cenário em que foram proferidas, e fosse caso disso, não adiantaria trocar por sinónimos, dado que o impacto da primitiva, ressoa com rufar de tambores,  através dos séculos.Vem isto a propósito da palavra "carrascos", arremessada no Parlamento há dias atrás, escondida e/ou justificada, numa citação de Simone de Bouvoir. As palavras sempre tiveram forte impacto em mim, considero-me boa ouvinte e leitora, gosto de palavras e da intensidade e drama com que são ditas ou escritas , quando transmitem respeito, sensatez, ternura,bondade, humildade. O som é doce e o nosso rosto ilumina-se.Por outro lado, já reparam na guturalidade exigida para que saia de nós o som de  palavras que ofendem, ferem, rebaixam, humilham? Confesso que me surpreendi com a palavra e com a atitude. Com este episódio veio-me à lembrança uma frase de minha mãe, quando alguém se pronunciava sobre a "obrigação", dizendo que obrigação é de carrasco, dando preferência à palavra "dever"...enfim, outros tempos, outras sensibilidades.

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