sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A torre e o teto


                       A torre e o teto

     Martim, três anos ainda por fazer, inicia a construção da sua "torre", decidido, rodeia-se de todos os blocos existentes na sala. Com cuidado, demonstrando a sua larga experiência em construção de torres, vai empilhando bloco sobre bloco, esticando os braços e pondo-se em bicos de pés.No momento em que aumentar a torre se torna impossível para a sua capacidade física, olha em redor e a solução é pôr-se em cima de uma cadeira, agora, num sobe e desce, segura cada peça contra o corpo, mantendo o equilíbrio com a mão livre. Surge de novo o momento em que a dificuldade de aumentar a torre se manifesta...olhando para mim, pede-me sorrindo, uma cadeira mais alta. Recuso-lhe a cadeira, com o argumento de que a torre já está maior que eu, pela expressão dele vi a debilidade do argumento, não sendo eu baixa estou longe de ser alta.Não desiste e reforça a sua intenção explicando-me: Sabes Dona Rosa, a torre ainda não está no teto! O limite do Martim para a sua construção era  teto. Todos nós fomos assim em criança. Os limites são necessários para nossa segurança mas, lamentavelmente por demais são cerciados, até já não possuirmos audácia e coragem para projetármos nossos sonhos e anseios.Limitamo-nos na inferioridade, na insegurança, no receio.Como foi bom quando o nosso limite era o teto e para lá do teto... quando o nosso limite era o céu.  

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