quinta-feira, 27 de junho de 2013

Garatuja, garatuja...quem és tu?

As crianças pequenas, na tentativa de representar a sua interpretação do mundo que as rodeia, experimentam traços que para os adultos menos conhecedores e/ou mais preocupados nada representam, surgindo nos adultos a tendência para ensinar a criança a desenhar.Torna-se assim  fundamental alertar para as consequências que poderão advir do ato de cerciar essa demonstração interpretativa nas crianças, pois abrir-se-á lugar ao bloqueio da sua expressividade, assim como mais tarde, dúvida se o seu trabalho é reconhecido pelos adultos.
A garatuja ou rabisco, tem sido alvo de estudo, nomeadamente desde a década de 70, tendo sido demonstrada a sua relevância no processo evolutivo da criança, como uma das primeiras formas de escrita da criança e o despertar para a escrita convencional. Por tudo isto, de futuro aprecie mais os "desenhos" de sua criança, ou como habitualmente digo "leia com amor as suas cartas".


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Colheres???

Tarde quente, muito sol lá fora e a mãe não me autorizava saidas para o exterior, nesse tempo "bronze" não era sinónimo de beleza. Aborrecida, enfastiada, caminhava de trás para a frente, naquele movimento que tanto irrita as mães. Rosa Maria o que é que se passa? perguntou a minha mãe, num tom de voz que não era usual nela...ups...Mãezinha não tenho nada para fazer! Retomando o seu ar carinhoso, disse-me olhando-me nos olhos e rindo: Quem não tem nada para fazer, faz colheres!O quê? era o que diziam os meus olhos espantados...conta lá mãe, é uma história não é? O meu estado enfastiado foi-se...conta lá, conta mãe! pedi saltitando.Interrompendo a sua tarefa, iniciou a história:Foi há muito tempo, na 1ª guerra mundial e num país que fica muito longe de Portugal. Quando a guerra terminou, as fábricas que trabalhavam os metais e construiam armas, ficaram sem encomendas e assim sendo os operários que nelas trabalhavam, não tinham nada que fazer,estavam tão preocupados, que se puseram a pensar como é que poderiam ultrapassar aquela situação. Estavam felizes porque a guerra tinha terminado mas sem trabalho não poderiam sustentar as suas famílias. Pensaram, pensaram, até que um deles se lembrou de que poderiam fazer colheres em metal. Recordo-me de na altura pensar que se não fosse aquele operário eu não comeria o arroz doce com a minha colher de alumínio...talvez com uma de madeira, não?
Nunca investiguei se a história das colheres de metal era assim ou não. Jamais porei em causa as versões da minha mãe! O que vos garanto é que pela minha vida fora, muitas foram as vezes que tive presente este episódio e construí e construo as minhas "colheres" com a matéria prima que a vida me vai concedendo. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

vamos raciocinar...

Vamos raciocinar...era com esta frase que a minha mãe iniciava muitos dos nossos diálogos, quando surgiam operações de alguma complexidade, para os meus oito anos.Ora...vamos lá raciocinar, sobre questões presentes, complexas e sobre as quais me parece ser de elevada utilidade o raciocínio.
Aqui vão elas: Quais os interesses ocultos atrás da adição de comentários e cenários falseados ou meias verdades? Quem beneficia com a multiplicação de opiniões, discussões, protestos, vitimizações e extremismos? A quem favorece a subtração da tolerância e do bom senso, nas negociações de questões fundamentais? Quem lucra com a divisão de pessoas, que pela sua instrução e formação académica, foram preparadas para encontrar soluções?
Vá lá...vamos raciocinar...  

terça-feira, 11 de junho de 2013


  Quando olho uma criança, ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que possa vir a ser.(Jean Piaget)

    Humildemente me pronuncio sobre Jean Piaget tal é o respeito e consideração que nutro pelo grande investigador, humanista e mestre, mas sobretudo pelo ser humano terno, tolerante, humilde, constante na sua acção de conhecer o Outro, deixando sempre em aberto novas possibilidade de reflexão, para que a tese se perpetuasse, sem limite. Durante todos estes anos, em que me dediquei às crianças, viveu sempre em mim o sonho, o desejo, a ambição, de que os educadores, família e profissionais, vissem as crianças pela perspectiva de Piaget, usando em todos os momentos a compreensão do que se pode ou não exigir a uma criança, respeitando aquilo que ela é naquele determinado momento, e tudo isto com a expressão da ternura...a ternura que esclarece, que envolve e nos faz ver o que não é possível vislumbrar de outro modo.Penso que o século XXI, é o século de Jean Piaget e que por inerência o tempo da "descoberta" da criança. O reconhecimento do seu inestimável contributo, para a formação das crianças, homens de amanhã,levar-nos-á à construção de uma nova sociedade, mais condizente com a dignidade humana.

Rosa Maria Sobral 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

EU TENHO UM SONHO


Eu tenho um sonho, que os rostos das crianças apenas expressem alegria e felicidade.Eu tenho um sonho, que os abraços se perpetuem pela existência de todos e cada um. Eu tenho um sonho, que as escolas sejam a imagem e o reflexo de uma sociedade mais justa e equilibrada, fraterna e cooperante.Eu tenho um sonho, que sejam as pessoas os protagonistas, os actores, dessa realidade, nos cinco continentes e mais além.Não mais norte, não mais sul, este ou oeste, mas posicionados onde a vontade os levar, livres de amarras e preconceitos.Eu tenho um sonho que uma nova "rosa dos ventos" nos traga novas rotas, novas hipóteses de realização.Eu tenho um sonho... 


terça-feira, 4 de junho de 2013

A missão da educação no séc.XXI


A missão da Educação:Formar alunos confiantes, capazes, convictos, corajosos, generosos, cooperantes, audazes, cidadãos livres responsáveis e solidários

Sentimo-nos seguros quando confiamos e a desconfiança globalizou-se. Tememos os inícios,tememos os fins. Tememos a mudança, o sucesso, tememos o fracasso, tememos a vida, tememos a morte.
A insegurança tornou-se um problema social e como tal é uma questão que carece de resposta educacional. Reflectir, debater, analisar e compreender, pode simplesmente reduzir o problema à expressão factual da existência e anular o efeito de barreira, ao sucesso e à felicidade.
Sempre que corremos um risco, entramos em território desconhecido, somos confrontados com o um desafio ou nos é   exigida uma decisão, sentimos medo. Algumas vezes este medo impede-nos de atingir metas sonhadas e ambicionadas há muito tempo. Agir, participar em acções que nos forneçam um olhar sobre a vida, o mundo, os outros, mais sensível, mais de dentro para fora de nós, dar-nos-á a força necessária para provocar a mudança. Afinal é tão pouco o que podemos controlar...mas controlarmo-nos é possível, tomarmos as rédeas da nossa vontade é possível.Compreender que a nossa atitude, o nosso comportamento é determinante no modo como os outros nos vêem é fundamental. Sabemos que existe o medo instintivo, de preservação, inerente à nossa condição humana, reconhecê-lo e respeitá-lo é nosso dever. O adulto é sempre um modelo para a criança, logo o nosso comportamento terá de assumir aspectos, várias vezes irreais, mas é nossa responsabilidade como educadores, apresentarmo-nos seguros perante as crianças, afinal nós somos os "grandes". Para além disso a realidade é que com este exercício disciplinado, tornar-nos-emos mais seguros e confiantes.
Alterar o nosso vocabulário é fundamental neste processo. Usar apenas expressões verbais positivas, valorizando o que é belo, simples, generoso, edificante, dignificante, solidário, altruísta, nos conteúdos programáticos, mas sobretudo e também no currículo dinâmico, vivido a cada minuto na escola.
As crianças por vezes não verbalizam o sentimento de medo e/ou insegurança. O professor é por excelência um observador e é observando que poderá identificar esses sentimentos; o aluno está triste, absorto, tímido, inibido, agressivo?, para poder agir no sentido de reverter a situação.

                                                    continua...
Rosa Maria Sobral

segunda-feira, 3 de junho de 2013

ESTAMOS AQUI PARA AJUDAR

                     

Sentirmo-nos e estarmos seguros é a prioridade do momento. Da segurança físico,psico, emocional e material, depende o nosso bem estar, o nosso sucesso, a nossa felicidade. Sentimo-nos seguros quando confiamos e a nossa confiança à escala global, está ameaçada.Urge pois, estabelecer o sentimento de segurança, cultivando a confiança. O sentimento de confiança é inato ao ser humano.A criança nasce vulnerável, mas confiante.Quando o afecto e os cuidados lhe são dispensados na medida das suas necessidades, ela desenvolve-se sem medos, logo, segura,  confiante.Em cada dia uma nova experiência. A criança gatinha, para vir a caminhar, de súbito corre, trepa, abre e fecha portas e gavetas, explora tudo o que existe para além do seu olhar,desafia os adultos, com um sorriso, a partilhar a sua aventura. Ser livre, sem receios, confiante.
Para que este estado se mantenha e venha a ter expressão mais tarde, na adolescencia e na vida adulta, é necessário que seja preservado e estimulado na infância.
Família, professores e todos os que privam com crianças, ao possuírem o conhecimento de que são coconstrutores do ser ainda em formação, certamente orientarão o seu comportamento e assumirão atitudes que potenciem a expansão da confiança e nunca o contrário.
A existência apresenta muitos perigos, mas nada que se não possa equacionar numa vertente segura.
Transmitir conceitos de preservação, assentes em bases de conhecimento inteligíveis para as crianças, onde possam relacionar experiências, vividas por si ou por outros, é uma metodologia que resulta.
Os adultos ao refletirem sobre seus medos, as suas inibições, os seus constrangimentos, encontrarão decerto o seu modo de acção positiva perante as crianças.
Ao preservarmos e potenciarmos o sentimento de confiança em cada uma das nossas crianças, assumiremos que também nós, adultos, acreditamos que no conhecimento, na responsabilidade, na cooperação, na liberdade, existe a verdadeira confiança.

Rosa Maria Sobral