quinta-feira, 20 de junho de 2013

Colheres???

Tarde quente, muito sol lá fora e a mãe não me autorizava saidas para o exterior, nesse tempo "bronze" não era sinónimo de beleza. Aborrecida, enfastiada, caminhava de trás para a frente, naquele movimento que tanto irrita as mães. Rosa Maria o que é que se passa? perguntou a minha mãe, num tom de voz que não era usual nela...ups...Mãezinha não tenho nada para fazer! Retomando o seu ar carinhoso, disse-me olhando-me nos olhos e rindo: Quem não tem nada para fazer, faz colheres!O quê? era o que diziam os meus olhos espantados...conta lá mãe, é uma história não é? O meu estado enfastiado foi-se...conta lá, conta mãe! pedi saltitando.Interrompendo a sua tarefa, iniciou a história:Foi há muito tempo, na 1ª guerra mundial e num país que fica muito longe de Portugal. Quando a guerra terminou, as fábricas que trabalhavam os metais e construiam armas, ficaram sem encomendas e assim sendo os operários que nelas trabalhavam, não tinham nada que fazer,estavam tão preocupados, que se puseram a pensar como é que poderiam ultrapassar aquela situação. Estavam felizes porque a guerra tinha terminado mas sem trabalho não poderiam sustentar as suas famílias. Pensaram, pensaram, até que um deles se lembrou de que poderiam fazer colheres em metal. Recordo-me de na altura pensar que se não fosse aquele operário eu não comeria o arroz doce com a minha colher de alumínio...talvez com uma de madeira, não?
Nunca investiguei se a história das colheres de metal era assim ou não. Jamais porei em causa as versões da minha mãe! O que vos garanto é que pela minha vida fora, muitas foram as vezes que tive presente este episódio e construí e construo as minhas "colheres" com a matéria prima que a vida me vai concedendo. 

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